quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Passando em Florença no caminho de volta

Depois de Barcelona começou o stress de arrumar as malas!
 Olhei para o meu quarto e não me preocupei, parecia que não tinha muita coisa pra levar. Erro meu! Compra uma mala, compra duas, compra três...meu deeeeeeeeus, quanta coisa!
Agora o meu rolê pela cidade era pra comprar as ultimas coisas. Durante todo o ano que estava em Londres não havia comprado muita coisa. Mas nesses últimos dias me deu um piripaque e comecei a fazer a festa na Primark e na Argos (as lojas mais baratas de roupas e artigos para casa- respectivamente).
A arrumação não acabou ate o ultimo minutoooo. Imagine o desespero. Acabei tendo que deixar coisas pra trás.
Mas o pior é ter que se despedir das pessoas queridas que conheci. Fiz amigos maravilhosos por la e ter que dizer adeus sabendo que eu nunca mais poderei vê-los, dói!!

Já estou no Brasil, mas gostaria de registrar como foi a jornada de volta.
O itinerario é esse: Pegar um navio de cruzeiro em Veneza com destino a Santos passando por mais 8 cidades: Dubrovnik, La Goullete (Tunis), Málaga, Funchal, Tenerife, Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Aproveitando a estada de 4 dias na Itália antes de pegar o navio, decidi dar uma passada em Florença também.

A Joana e o Thi me ajudaram na ida ao aeroporto (meus anjos), levamos uma multa de £20 cada pois achamos que o ticket que tinhamos valia. Ai que ódio!
Tive que me despedir da Jo correndo, me atrasei e ainda cheguei no portão errado. Resumindo: se o vôo pra Veneza não tivesse atrasado, eu teria o perdido e toda a minha rota seria muito prejudicada. Já não é a primeira vez que passo por esses apuros no aeroporto de Gatwick...credo!

Cheguei tarde em Veneza deixei duas malas no guarda volumes do aeroporto e fui pro albergue carregando uma de 23 kg, uma de 15 kg e uma mochila. Lá vou eu mais uma vez fazer calo nas mãos. Peguei um "vaporetto" que é um barco-ônibus (caríssimo, afinal estamos falando de Veneza), e corri pro albergue. Capotei! Precisava descansar, afinal tinha que acordar cedo e partir para Florença.

A sequência foi essa...Vaporetto ≥ Piazza de Roma ≥ busao pra estação ≥ italiano me xavecando no caminho ≥ Trem pra Florença ≥ busão pro centro ≥ caminhar três quarteirões arrastando aquele monte de mala ≥ albergue...uffaaaa!

"Bóra" curtir a cidade onde o Renascentismo nasceu.
Caminhar por Florença foi uma delícia. É uma cidade pequena e as maravilhas da arte estão todas concentradas. Fui parando a cada quarteirão pra apreciar as construções, feiras e esculturas.
Quando vi a catedral quase tive um treco! A Basilica di Santa Maria del Fiore (Mais conhecida como Duomo) é uma das maiores da Itália. Seu exterior é constituído de mármore com tons de verde, rosa e creme. Sua cúpula é gigantesca. Iniciou-se como um projeto gótico mas foi alterado para arquitetura romana. Uma construção de fundamental importância para a História da Arquitetura.

Fotos da Duomo à noite

 Desci um pouco a rua pra encontrar a praça também histórica Piazza della Signoria. É o centro civil da cidade, rodeada de construções importantes:
- Palazzo Vecchio: prefeitura da cidade com linda arquitetura românica. E, na sua entrada, há uma enorme cópia de David de Michelangelo.
 
David de Michelangelo.

-Tribunale della Mercanzia: Onde mercadaores eram jugados. Hoje não sei o que é...
-Palazzo Uguccioni: O palácio foi construido para Giovanni Uguccioni, a partir de 1550.

Fonte de Netuno, de Bartolomeo Ammannati.

- Loggia dei Lanzi:Uma construção aberta com arcos, junta à Galeria Uffizi. Entre esses arcos há quatro figuras que representam as quatro virtudes cardeais: Coragem, Temperança, Justiça e Prudência. Em baixo desses arcos fica um estatuário com esculturas simplesmente divinas:

 Perseus com a cabeça da Medusa sobre um pedestal com estatuetas 
de Júpter, Mercúrio, Minerva e Dânae, feito em bronze por Benvenuto Cellini.

 Menelau segurando o corpo de Pátroclo.

 Hércules batendo no Centauro Nessus, feito de um único 
bloco de mármore branco por Giambologna.


 O Rapto de Polyxena, de Pio Fedi

 
 O Rapto de Sabina, de Giambologna.

 Leões que simbolizam a guarda e proteção contra presenças negativas.
Isso tudo pode ser admirado de graça!
Na observação de todas essas belezas, há um perigo: pegar uma síndrome. Li numa revista que, no período de 1977 a 1986, 106 pessoas foram parar num hospital psiquiátrico depois de se maravilharem com as obras de arte de Florença. A psiquiatra Graziella Magherini a chamou de Síndrome de Stendhal por causa do escritor francês com o mesmo nome, que descreveu em seu livro o ataque de pânico, palpitações e sensações celestiais ao visitar a cidade.

Daí me lembrei das sensações que tive quando me deparei com o Duomo!
Descendo a praça, passando pela Galeria Uffizi, cheguei ao rio Arno e a famosa Ponte Vecchio.


 Ponte Vecchio no fundo.

Depois de tomar um chá com o homem que tirou essa foto, fui me encontrar com a Tiziana, querida ex-colega de trabalho e que coincidentemente estava lá visitando a família.
Enquanto a esperava, admirava a Basilica de Santa Croce. Uma das principais católicas do mundo, nessa igreja franciscana foram enterrados os ilustres italianos Michelangelo, Maquiavel, Galileo Galilei e Rossini.

Basilica de Santa Croce


No dia seguinte pulei da cama e fui correndo pra fila da Galeria Uffizi. Aaaaai que fila gigantesca! E que demora pra entrar. Isso me chateou um pouco e no fim minha pressão abaixou tanto que não consegui apreciar as obras do jeito que queria. A galeria abriga obras de Leonardo da Vinci, Rafael, Michelangelo, Botticelli sendo um dos museus mais importantes do mundo.

Tive que tirar um cochilo no albergue para melhorar. Depois me encontrei com a Tizi mais uma vez, e fomos passear. Passamos pela feira na Piazza della Repubblica e o Palazzo Pitti, tomamos um sorvete celestial e, em seguida, fomos de carro a um dos montes e acabamos jantando por lá.

Foi com pizza e uma taça de chianti que terminou minha inesquecível visita à capital Toscana onde o aroma é de campo, onde o que se ouve é cantada, onde se observa grandes obras, onde se degusta um ótimo vinho (e sorvete), e onde o que se toca é precioso!

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